terça-feira, 8 de abril de 2008

O dia de uma jornalista desempregada

Acordo e consulto os avidamente os e-mails das minhas variadas caixas de e-mail. Há sempre e-mails de vários dos quinhentos mil e picos sites de emprego em que estou inscrita. A partir daí tenho duas hipóteses:
1) Há alguma oferta de emprego que preencha os meus requisitos (digamos que esses requisitos são cada vez menos): envio um e-mail de resposta com um texto cuidado que já sei de cor e tem muito poucas variâncias de empresa para empresa.
2) Não há nenhum emprego que possa interessar: consulto o meu curriculum no Word para ver se posso fazer alguma alteração que o torne mais relevante - e há sempre.
Depois chega a hora do almoço. Só depois trato de me arranjar para ir ao café tomar café, ler o jornal, ou os jornais, e a revista, ou as revistas.
Volto para casa e consulto avidamente os e-mails. E tomo uma das opções já referidas. Seguidamente, consulto todos os blogs que conheço, depois os sites, actualizo os meus blogs pessoais e invento mais qualquer coisa para fazer na internet. Janto enquanto vejo o noticiário e fujo novamente de casa para o café. Encontro-me com os amigos, dois dedos de conversa, umas cartas bem ou mal jogadas e, eventualmente, afogo as mágoas. De regresso a casa, consulto avidamente os e-mails e tomo uma das opções já mencionadas. Volto a ver todos os blogs e sites que conheço. Leio as notícias de última hora que estão na net. Procuro conferências, cursos, workshops que possam valorizar-me a nível profissional e que sejam acessíveis ao meu bolso. (Nunca são acessíveis...)
Rotina chata esta! Mas... de certa forma, já me acomodei... não sinto que não faço nada porque, na verdade, o meu dia está sempre ocupado. Se não estiver, ocupo-o com actividades mais... culturais. As tarefas são sempre as mesmas, é verdade. E, às vezes, penso que já não sei passar sem elas nem sem a internet. Há rasgos de lucidez que me dizem que não vale a pena fazer as mesmas coisas várias vezes ao dia, até porque, neste caso, me fazem mal aos olhos, à coluna, ao stress... Posso esperar! Se algo de novo vier, não foge num prazo de vinte e quatro horas. É como disfarçar um dia inútil num da ocupadíssimo de boas intenções que não passam disso mesmo. Porém, a tentação é mais forte do que eu...
Em três meses de descanso, não sinto que tenha descansado. Em três meses em que fui totalmente inútil, não sinto que os meus dias tenham sido vazios. Tenho a sensação que vou descansar mais quando tiver que trabalhar. Pelo menos, terei mais paz de espírito, sentir-me-ei melhor comigo mesma. Já perdi três meses da minha vida e caminho para o quarto... quinto, sexto, centésimo nono...

2 comentários:

MS disse...

"Posso esperar! Se algo de novo vier, não foge num prazo de vinte e quatro horas."

Infelizmente, amiga, não é sempre bem assim. Sei de anúncios para os quais não devo ter sido seleccionada porque não estava entre as dez primeiras que mandou o CV. Por isso, como tu, também tenho a paranóia de andar sempre a ver o mail, sempre a abrir e actualizar as páginas de emprego. A carta de apresentação também é sempre muito parecida, ainda que sempre reajustada à situação. Uma coisa é comum a todas: "Tenho imensa vontade de trabalhar e tenho disponibilidade imediata". Mas parece que nem assim deve resultar...
Bem, mas tenho recebido algumas respostas de anúncios para onde respondi no início de Março, por isso se calhar ainda nada está completamente perdido...O pessoal tem muito que fazer, demora a responder. Sempre pensei: "se estavam a precisar de alguém há um mês atrás não é agora que me vão chamar". Mas afinal alguns chamam, e alguns até respondem...a agradecer o CV, mas "de momento não temos vagas na redacção". Garantem sempre que "vamos guardar o seu CV na nossa base de dados para uma futura oportunidade".
Obrigada. Melhor que nada, acho eu...

Still waiting...

i disse...

Já te inscreveste no centro de emprego?
Num destes dias vou visitar-te a viseu, que tal? fazias-me uma visita guiada?
(pq é que o blog tem esta coisa da verificação de palavras, que é uma seca?)