quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Para ressuscitar este clube...

Uma pergunta que me tem corrido: sou jornalista? Às vezes duvido tanto, tanto disso. Se me perguntarem a profissão, não sei o que responder. Não tenho nada que o comprove, obter carteira profissional é fruto da sorte. Jornalista, estudante, desempregada, copy, dona de casa, inútil, blogger, freelancer... Tudo isto são coisas que me caracterizam, todas elas válidas para uma profissão. Qual usar no dia a dia, isso é que é complicado.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Jornalismo de verdade... para quando?

Às vezes pergunto-me se estou na profissão certa. Custa-me pensar que aquilo por que sempre lutei possa não ser efectivamente aquilo que sempre desejei. É que, de certa forma, o sonho já foi atingido. Já sou jornalista. E agora? Devo continuar a viver o sonho que é incapaz de me trazer a felicidade que eu achei que teria?
É óptimo ter conseguido o que já consegui. Mas, primeiro, não estou na área que me dá mais prazer. Gosto mesmo é das reportagens, da investigação, de estar ao serviço da informação relevante e desprendida de interesseiros. O que me acontece neste momento está longe disso. Nem trato assuntos que me entusiasmem, nem posso olhar as coisas com objectividade. Tenho pessoas por trás que me obrigam a transmitir determinadas opiniões que não são as minhas.
Quando conseguirei fazer jornalismo em vez de publicidade mascarada de jornalismo? Ensinaram-me o que era o jornalismo na teoria. E, agora que, supostamente, sou jornalista, não me deixam fazer esse tal de jornalismo. Se isto for sempre assim, então fui enganada durante anos.
O salário é miserável, não tenho direito a subsídios, nem sequer a um plano de saúde. Acho que o que faço é mau. Não gosto do que faço aqui. Quero ver se me aguento, mas é que já não estou a aguentar-me... Será difícil conseguir um trabalho em que se pratique jornalismo de verdade?
Às vezes, fico a pensar que o jornalismo que procuro não existe. É aí que entro num dilema: obter mais formação para conseguir ser uma verdadeira jornalista que não sei se alguém algum dia me vai deixar ser, ou deitar tudo a perder, desistir de tudo e mudar de área. Mas para que área? Se eu não for jornalista, o que será que posso ser? Não me ocorre nada. Por isso, acabei de investir em mais formação. Mas vou com muito medo. Porque sei que a luta para atingir um jornalismo decente pode ser longa e esgotante. Porque sei que, a qualquer momento, posso decidir-me a desistir de vez desta farsa. A ilusão passou a desilusão. Ou se acabam os interesseiros, ou, então, para mim não dá. Só gostava de poder ser honesta, caramba!
Infelizmente, o jornalismo está em crise. São retirados direitos aos jornalistas a cada dia que passa. A liberdade de expressão (consciente) ainda é um mito. Mas tenho esperança que haja órgãos de comunicação que consigam dar a volta a isto tudo... Tenho fé que a nova geração de jornalistas se imponha e se una para alcançar um jornalismo desinteressado, ao serviço do direito à informação, apenas ao direito à informação.
'Bora mandar estes todos para o desemprego e partir do zero para reconstruir o funcionamento do jornalismo? Torná-lo o "quarto poder" insubmisso aos outros poderes?
Desculpem se divaguei...

domingo, 29 de junho de 2008

CJME (sigla que me faz lembrar um qualquer centro de apoio de emigrantes...não me perguntem porquê)

Ok, I, Clube das Jornalistas Mal Empregadas parece-me um bom nome a dar a esta coisa que vagueia pelos corredores da rede global sem saber muito bem o que é, ao que veio, para onde vai. Assim mais ou menos como nós.

De facto, estamos empregadas. Mas, falo por mim, sinto-me mal empregada para aquilo que estou a fazer, sinto-me subaproveitada e mal remunerada e mal tratada por vezes. Sinto que se não gostasse do que faço não estaria ali nem mais uma hora. Mas pronto, dizem que temos de ir ganhando alguma experiência para oportunidades futuras que nos encham verdadeiramente as medidas. E é em nome da experiência que me levanto todos os dias às 7h30 para fazer o mesmo percurso e me sentar na mesma cadeira e levar com as caras mal humoradas de algumas pessoas. Mas depois há sempre alguém que me salva desse funeral sem mortos... É a minha sorte.

Mal Empregadas, Mal Pagas...Jornalistas. Parece que são conceitos sinónimos hoje em dia...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Estamos empregadas!!

Ok, as duas jornalistas deste clube estão empregadas... Será que devemos mudar o nome para Clube das Jornalistas Empregadas? Ou será que a precariedade é tanta que é melhor chamarmos isto de Clube das Jornalistas Escravizadas? Bom, mas nesse caso cairíamos numa redundância e talvez devessemos encurtar o nome para Clube das Jornalistas. Dadas as semelhanças óbvias com o Clube de Jornalistas, não gostaria que o meu clube se chamasse assim. Afinal de contas, será que isto é mesmo um clube?? Nas definições de clube, será que vem "ajuntamento de duas pessoas num blog da internet que fala de... coisas"?
Este clube está por um fio...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Conselho!!

É sempre bom ir conhecer os chefões no estado em que eu fui... Além de uma noite de concertos em cima, acordei com uma amigdalite descomunal. Acham bem?
Por isso, um grande conselho: no dia anterior a conhecerem os bosses, não saiam de casa, ok? Fiquem quietinhos nas vossas casas e não se sujeitem a esforços físicos ou mentais... De outra forma, pode correr-vos muito mal!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Um dia, é dia de sorrir

Sinto-me grande! Fui a escolhida de entre duzentas e tal pessoas no "portas abertas"... Embora seja pessimamente remunerado e a revista não seja muito interessante, o desafio vale a pena. Estou motivada e espero transformar a coisa. À partida, a revista será aborrecida, mas tenho a certeza que vou conseguir torná-la minimamente interessante. As ideias não param de saltitar como pipocas- umas boas, outras já meias queimadas. Até agora, sou a única pessoa na redacção na revista, embora se espere pelo menos mais uma pessoa a acompanhar-me.
Nos entretantos, tenho tempo para freelancing ou part-times, pelo que conseguirei eventualmente o ordenado mínimo. E ter sido escolhida de entre tanta gente, admito, enche-me verdadeiramente o ego!

sábado, 3 de maio de 2008

EJFP

Hoje fui conhecer o Sindicato dos Jornalistas. No Encontro de Jornalistas Freelance e Precários, discutiu-se a relação jornalista - entidade patronal, a precariedade do jornalista actual, e, sobretudo, a dificuldade de sobrevivência dos jornalistas portugueses. E foi bom reencontrar alguns amigos do sindicato!..
Mantive-me calada. O meu objectivo ali era perceber as ideias das outras pessoas também em estado precário e conhecer o que pode ou está a ser feito para contrariar esta triste tendência. Ali ouvi as experiências mais inacreditáveis, como a de um colega que, enquanto estagiava, foi enviado para a Faixa de Gaza com 250 euros obviamente insuficientes no bolso (se não estou em erro), ou a de outro colega que colabora com uma agência à peça, mas cujo ganho das peças não pode jamais ultrapassar os 300 euros mensais, faça ele quantas peças fizer.
A minha geração foi totalmente enxovalhada por aceitar trabalhar de graça... Eles que regressem a um início de carreira a ver se conseguem começar sem ser com trabalhos gratuitos ou, no máximo, com subsídio de transporte e alimentação, quando os estágios curriculares são obrigatórios para terminar o curso... Notou-se ali alguma tensão entre as várias gerações de jornalistas, o que eu acho ridículo, quando aquilo que ali nos levou foi unirmo-nos para conquistar vidas melhores. Não tinha noção deste distancimento entre a geração dos 20's, dos 20 e muitos, dos 30 e tais, dos 40's e depois a velha guarda...
O novo Código do Trabalho parece que tem uns quantos problemas a apontar. Parece que nos prejudica numas quantas coisas, discutidas no EJFP, mas, quanto a mim, tem alguns aspectos que não são assim tão maus (concretizo esta ideia num outro post, ou estarei a sair do âmbito deste).
Alfredo Maia abriu a sessão e bem: "nós, jornalistas, somos todos precários". Mas concluiu-se que há vários níveis de precariedade... Eu sou precária, sem gosto, mas com ambição.
Parabéns ao SJ por tomar estas iniciativas. Obrigada pela luta! Eu estou nesse barco...